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CRECHE: ABRIGO DE CRIANÇAS OU ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO INFANTIL?

 

Elza Santana de Brito Garcia [1]

Irany Mariano da Silva [2]

Tatiane Zanon [3]

Olímpia T. da Silva Henicka 4

Eduardo José Freire [4]

RESUMO

 

O trabalho teve como objetivo descrever a passagem da creche Laura Vicuña da área assistencial em espaço educativo. Para tanto, utilizaram-se métodos indutivo, monográfico e estatístico; para a coleta de dados, a técnica de observação direta extensiva se mostrou necessária, através do instrumento de pesquisa questionário, contendo perguntas abertas e fechadas. Ao final, verificou-se que a creche é um espaço de socialização e interação, e tem como função cuidar e educar e que a mesma não substitui a família, as duas são instituições que se complementam e assim devem ser compreendidas. Constatou-se, ainda, que o trabalho educativo da creche deve criar condições para as crianças conhecerem novos sentimentos, valores, ideias, costumes e papéis sociais. Assim, modificar essa concepção de educação assistencialista significa atentar para várias questões que vão além dos aspectos legais. Envolve, principalmente, assumir as especificidades da educação infantil e rever concepções sobre a infância, as relações entre classes sociais, as responsabilidades da sociedade e o papel do Estado diante de crianças pequenas.

 

Palavras-chave: Assistencialismo. Creche. Educação.

 

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

Ao longo dos últimos anos, tem crescido a consciência coletiva acerca das necessidades educativas das crianças de zero a três anos de idade e as creches têm se consolidado como tempo/espaço construído culturalmente para possibilitar a ampliação das experiências, assim como o desenvolvimento das potencialidades cognitivas, estéticas, sociais e relacionais da criança. A creche é, então, concebida e valorizada por sua função formadora da criança como sujeito histórico e cultural.

Sabe-se que a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, entretanto o que ocorre, algumas vezes, é que as instituições destinadas às crianças menores de três anos,  como, por exemplo, as creches, operam muito mais como “abrigos” de crianças do que como instituições de ensino, não cumprindo efetivamente o seu papel educativo.

O direito da criança à Educação Infantil está incluído no Inciso IV, do artigo 208, da Constituição Federal do Brasil (1988), o qual explicita que "O dever do Estado com a Educação será efetivado [...] mediante garantia de atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos". Este direito é reafirmado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 53: “A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”.

A creche é um ambiente especialmente criado para oferecer condições ótimas, que propiciem e estimulem o desenvolvimento integral e harmonioso da criança.  A instituição deve dar oportunidade para a criança ter experiências sociais diferentes da experiência familiar, fazendo contatos com outras crianças em um ambiente estimulante, seguro e acolhedor.  Baseando-se nesta realidade, levantou-se a seguinte questão problema: qual é o papel da creche na formação da criança? Para tanto, partiu-se da hipótese de que a creche é um espaço de socialização e interação, e tem como função cuidar e educar. Secundariamente apresentaram-se as hipóteses de que a creche não substitui a família, as duas são instituições que se complementam e assim devem ser compreendidas, e ainda que o trabalho educativo da creche deve criar condições para as crianças conhecerem novos sentimentos, valores, ideias, costumes e papéis sociais.

Assim, enquanto objetivos, pretendeu-se descrever a passagem da creche da área assistencial para se tornar um espaço educativo; conhecer a proposta teórico-pedagógica da creche; identificar a importância da creche para a sociedade e verificar se o trabalho educativo realizado na instituição atende à realização específica.

O artigo está dividido em capítulos; no primeiro capítulo, trata-se da introdução do tema, bem como os objetivos e as hipóteses do problema levantado. No segundo capítulo, discorre-se sobre a história da creche, sua função educacional, o cuidar e o educar e a participação da família. No terceiro capítulo, discorre-se sobre a área de estudo e a metodologia utilizada no trabalho. O quarto capítulo trata dos resultados e discussões dos dados coletados no estudo e o quinto capítulo discorre sobre os resultados da pesquisa, bem como algumas sugestões.

 

2 EMBASAMENTO TEÓRICO

 

A palavra creche, para Sacconi (2001 apud SOUSA, 2006 p. 34), significa “estabelecimento que se encarrega de cuidar de crianças até dois anos”, ou “asilo diurno em que as mães trabalhadoras podem deixar seus filhos pequenos.” De acordo com esse Autor, muitas creches têm desenvolvido seu trabalho, ficando a finalidade educativa em segundo plano.

Durante muito tempo, a creche serviu à função de combate da pobreza e da mortalidade infantil. A creche, portanto, era definida como uma instituição assistencialista abrigando ao cuidado das crianças de mães que trabalhavam fora de casa. A necessidade de creche se deu em tempos de guerra, as mulheres trabalhavam para sustentar a família, enquanto os homens iam para a luta.

          Segundo Kuhlmann Jr (2000), sob a perspectiva do atendimento às crianças, o que pode-se observar é que as creches sofreram fortes influências do assistencialismo nos séculos XIX e XX, salientando que essas práticas foram destinadas às crianças e famílias para tirá-las da rua, cuja intencionalidade era promover uma educação de cunho moral.

          O trabalho com as crianças nas creches tinha assim um caráter assistencial protetor. A preocupação era alimentar, cuidar da higiene e da segurança física, sendo pouco valorizado um trabalho orientado à educação e ao desenvolvimento intelectual e afetivo das crianças.  Apesar do passar dos anos e dos movimentos populares para a conquista da educação de criança de zero a seis anos, Kuhlmann Jr (2000) ressalta que, há de se considerar que, em dias atuais, também é possível encontrar políticas públicas educacionais que contenham a concepção assistencialista de educação, tendo em vista as políticas compensatórias.

Assim, mudar a concepção de educação assistencialista envolve assumir as especificidades da educação infantil e rever concepções sobre a infância, as relações entre classes sociais, ás responsabilidades da sociedade e o papel do município diante das crianças pequenas.

O uso de creches e de programas pré-escolas como estratégia para combater a pobreza e resolver problemas ligados á sobrevivência das crianças foi, durante muitos anos, justificativa para a existência de atendimento de baixo custo, com aplicações orçamentárias insuficientes de instalações; formação insuficiente de seus profissionais e alta proporção de crianças por adulto (BRASIL, 1998, p. 17).

 

A creche tem que superar a visão assistencial que era identificada e isso deve partir dos educadores, que apenas recentemente passaram a discutir esta situação e construir concepções do que seria instituição educacional que trabalha com criança desde o primeiro ano de vida em um longo período diário.

Para Preuss (1986), foi a partir do momento em que as mulheres de classe média e alta começaram a utilizar as creches para a socialização das crianças, que se iniciram estudos sobre o efeito das creches no comportamento infantil.

Sabe-se que o contato diário entre os educadores da creche e os pais das crianças gera um tipo de relacionamento singular e muito especial. O bom relacionamento entre educadores e famílias a ser constantemente conquistado contribui para o trabalho com as crianças, pois dificuldades surgidas podem se resolver mais rapidamente e a segurança é maior nas decisões tomadas em relação a elas. Portanto, o bom relacionamento entre creche e família contribui para o desenvolvimento dos trabalhos, são duas instituições que se complementam e assim devem ser compreendidas.

A instituição de educação infantil incorpora funções de cuidar e educar, além de prestar cuidados físicos e estar criando condições para o desenvolvimento cognitivo, simbólico, social e emocional da criança.

          Na educação infantil, o "cuidar" é parte integrante da educação, embora possa exigir conhecimentos, habilidades e instrumentos que exploram a dimensão pedagógica. Cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda a integração de vários campos de conhecimento e a cooperação de profissionais de diferentes áreas. De acordo com Oliveira (1995, p. 32), “a formação do educador infantil deve estar baseada na concepção de educação infantil. Deve buscar a superação da dicotomia educação/assistência, levando em conta o duplo objetivo da educação infantil de cuidar e educar.”

Para Montenegro (2001), a discussão sobre a indissociabilidade do educar e do cuidar em creches e pré-escolas terá de considerar aspectos relacionados à formação do profissional de educação infantil e às possibilidades da construção de propostas pedagógicas para esta etapa da educação, ou seja, uma pedagogia da infância.

Campos (1994) afirma que os profissionais que trabalham nas creches, como monitores, educadores, auxiliares de desenvolvimento infantil, recreacionistas e outros, em sua grande maioria, são mulheres de baixa escolaridade, com salário reduzido e jornada de trabalho aumentada, das quais se espera disposição para limpar, cuidar, alimentar e evitar riscos de quedas e machucados, controlando e contendo certo número de crianças, em ações consideradas como cuidados. As que trabalham na pré-escola são chamadas de professoras, em sua maioria com formação de nível médio, possuem maiores salários e espera-se que desenvolvam atividades exclusivamente educacionais, ou seja, pedagógicas.

Campos  et al (1995) afirma que o cuidar passa a ser de responsabilidade daquele que possui menor formação escolar, ao passo que educar se torna responsabilidade do profissional de maior formação.

          Conforme o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (1998), polêmicas sobre cuidar e educar, sobre o papel do afeto na relação pedagógica e sobre educar para o desenvolvimento ou para o conhecimento têm constituído o panorama de fundo sobre o qual se constroem as propostas em educação     infantil.

          A elaboração de propostas educacionais veicula necessariamente concepções sobre criança, educar, cuidar e aprendizagem, cujos fundamentos devem ser considerados de maneira explicativa. É verdade que em todas as sociedades se ensina, mas requer também novas formas de gerir e de tratar o conhecimento. Assim, no entender de Craid (2001, p. 24), cabe aos Conselhos Estaduais de Educação “definir as exigências para que a formação em serviço possa qualificar para o exercício da função do educador infantil”.

Dessa forma, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), n. 9.394/96, determina que cada instituição do sistema escolar (portanto, também as instituição da educação infantil) deverá ter um plano pedagógico elaborado pela própria instituição com a participação dos educadores, e os educadores deverão ter o curso normal com especialização em educação infantil. Craid (2001, p. 24) afirma que  “para os que já trabalham em creches e pré-escola e não tem a formação exigida deverá ser oferecida a formação em serviço”.

Outra exigência da LDB é que, até dezembro de 1999 todas as creches e pré-escolas existentes ou a serem criadas deveriam integrar-se aos sistemas de ensino.

Assim, a capacitação profissional deve fazer parte constante na vida de todos os professores. Sua formação e seus conhecimentos devem ser atualizados constantemente e os encontros pedagógicos são uma das formas de se alcançar esse objetivo. Não é simples ser um professor atualizado, é necessário investimentos que desenvolvam competências profissionais.

 

3 MATERIAIS E MÉTODOS 

 

3.1 Área de Estudo

 

          O estudo foi realizado com os professores da Escola Municipal de Educação Infantil, Laura Vicunã, situada no município de Alta Floresta, Mato Grosso. A referida Instituição foi fundada em 14 de outubro de 1984 pelas irmãs Maria José Machado e Maria Aparecida Zeferino (Salesianas). O horário de funcionamento ocorre no período integral, atendendo 132 alunos com idade entre 04 meses a 03 anos de idade.

          O quadro de funcionários é composto por 12 professores com formação superior, 12 Técnicos de Desenvolvimento da Educação Infantil (TDEIs), 3 Apoios Administrativo Educacional Nutrição, 2 Apoios Administrativo. Educacional (vigia), 3 Apoios Administrativo Educacional (limpeza), 1 Secretária Escolar e 1 Diretor.

 

3.2 Metodologia 

 

O procedimento metodológico envolveu a pesquisa bibliográfica através de autores e suas obras, para a obtenção de informações capazes de ajudar no desenvolvimento da pesquisa; e de campo, desenvolvida pelo método indutivo que, de acordo com Lakatos (2006), partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas (conexão ascendente), ou seja, que fornece diversas informações sobre o papel da creche na formação da criança. As hipóteses formuladas foram testadas a partir do processo de inferência.

A abordagem do problema utilizada foi a quantitativa, que se caracteriza pelo uso da quantificação tanto na coleta quanto no tratamento das informações por meio de técnicas estatísticas. A análise quantitativa mede em percentual a importância da creche para as crianças e para a comunidade.

          Com relação aos objetivos, a pesquisa se classifica como descritiva pois, segundo Vergara (2007), tem como finalidade primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relação entre variáveis, isto é, descreve as formas e metodologias adotadas para conhecer a importância da creche como espaço educacional.

          O método de procedimento utilizado foi o monográfico, no qual foi realizado um estudo com determinados professores, com a finalidade de obter generalizações. Para Vergara (2007), qualquer caso estudado em profundidade pode explicar outros ou todos os semelhantes. Este método detalha o objeto da pesquisa que é a creche como espaço educacional, o qual poderá dar um direcionamento a futuras pesquisas. E o estatístico que segundo Martins (2002), permite obter, de conjuntos complexos, representações simples e constata se essas verificações simplificadas têm relações entre si. Através dos dados em percentuais, pode-se medir a opinião dos pesquisados sobre o tema proposto.

          Foi aplicada a técnica de observação direta extensiva, através de questionários, compostos por duas questões fechadas e dez abertas, tendo como objetivo descrever a passagem da creche da área assistencial para se tornar um espaço educativo e posteriormente foi realizado a tabulação dos dados com os tratamentos estatísticos relacionados para um melhor entendimento das informações coletadas.

          A pesquisa envolveu quatorze professores, com faixa etária de 20 e 50 anos, pertencentes à escola em estudo. Os questionários foram entregues aleatoriamente aos pesquisados, no mês de junho, contendo em anexo uma carta de apresentação com as informações sobre a pesquisa, bem como orientações  sobre o preenchimento do questionário e o resguardo da identificação do pesquisado. Os questionários foram devolvidos no prazo estipulado.  

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

O estudo foi realizado com os professores da Escola Municipal de Educação Infantil, Laura Vicunã, durante o mês de junho de 2012, sendo 100% pesquisados do sexo feminino e 40% com idade acima de 35 anos. O gráfico 1 mostra que 100% dos pesquisados concordam que a creche é um espaço educativo, pois visa ensinar e educar as crianças.

 

 
Gráfico 1- Instituição assistencialista ou um espaço educativo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Elaborado pelas Autoras a partir de dados obtidos da pesquisa.

 

Como foi possível verificar, os professores entendem que a creche é um espaço educativo. Este resultado vai ao encontro do que afirma Campos et al (1998), que, no decorrer da história da educação brasileira, o atendimento nas creches passou de assistencial a educacional. Mudar a concepção de educação assistencialista envolve assumir as especificidades da educação infantil e rever concepções sobre a infância, as relações entre classes sociais e às responsabilidades da sociedade.

          O gráfico 2 mostra que 43% dos pesquisados afirmam que a creche é importante para a comunidade, pois promove o cuidar e o educar; 36% responderam que a creche é importante principalmente para os pais que trabalham e 21% disseram que a creche é importante para a criança se socializar.

 

 
Gráfico 2 - Importância para a comunidade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                        

Fonte: Elaborado pelas Autoras a partir de dados obtidos da pesquisa.

         

          A maioria das crianças começa a frequentar as creches ou pré-escolas antes dos três anos de idade,  o que, para Campos et al (1995, p. 88). “indica uma sensível modificação nas atitudes familiares quanto ao significado atribuído a equipamentos para educação e cuidado de crianças pequenas”. Ou seja, no contexto da sociedade atual, as atribuições das creches e pré-escolas são maiores, porque abarcam também as atribuições que as famílias não podem mais exercer. A jornada de trabalho dos pais e a falta de tempo fazem com que os mesmos deixem os filhos nas creches ainda bebês.

No gráfico 3 sobre se a relação da creche com a família tem contribuído no aprendizado da criança, 43% das entrevistadas responderam que os pais poderiam participar mais; 43% diz que sim, um precisa do outro; 14% sim, pois os pais depositam confiança na creche, e nos professores.

Gráfico 3- A relação creche e família contribui no aprendizado

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Fonte: Elaborado pelas Autoras a partir de dados obtidos da pesquisa.

 

          Quando a escola e a família mantêm um relacionamento direcionado ao bem estar da criança, com valores semelhantes, propiciando o bom aprendizado da criança, as dificuldades, que eventualmente surgirem, poderão ser amenizadas.  Segundo Piletti (2003, p. 111),“Um diálogo verdadeiro entre pais e professor é [...] indispensável, porque o desenvolvimento harmonioso das crianças implica uma complementaridade entre a educação escolar e educação familiar”. O êxito do processo educacional depende, e muito, da atuação e participação da família, que deve estar atenta a todos os aspectos do desenvolvimento do educando.

No gráfico 4, é dever da família conhecer a proposta pedagógica da creche, de que forma? De acordo com os pesquisados, 57% responderam que os pais participam das reuniões onde são lidas as propostas, mas 43% não param para ouvir.

 

Gráfico 4- A família deve conhecer a proposta pedagógica da creche

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Fonte: Elaborado pelas Autoras a partir de dados obtidos da pesquisa.

Os pais têm que participar mais do aprendizado dos filhos, principalmente frequentando as reuniões, nos eventos promovidos pela creche. Lopez (2009, p.36) explica que “muitos pais participam de forma errônea na escola, isso acontece, quando transferem a ela essas responsabilidades que eles deveriam ter”.

Portanto, os pais não devem abandonar as responsabilidades que lhes competem no dia a dia dos seus filhos. Quando acompanham, orientam e apoiam as atividades escolares, se envolvem no desenvolvimento da criança para com isso fortificar as relações no seio familiar e, consequentemente, na escola. O sucesso do processo educacional depende muito da atuação e participação da família, que não pode estar alheia aos aspectos do desenvolvimento dos seus filhos. Transferir para a escola a responsabilidade pela formação ampla dos alunos pode desviar a função principal de transmitir os conteúdos curriculares, especialmente os de natureza cognitiva.

A ausência da participação dos pais na vida escolar dos seus filhos pode afetá-los psicologicamente, colaborando para reafirmar traumas, ascender o sentimento de abandono, pela indiferença dos pais para com elas contribuindo, assim, para que essas crianças se tornem “problemas” dentro das escolas.

No gráfico 5, 50% dos pesquisados acham que sem espaço não tem como trabalhar, 36% responderam que o espaço contribui para bom trabalho e 14% diz que eles têm espaço enquanto muitos não têm.

 

Gráfico 5- O espaço físico da creche é importante para uma boa educação

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Fonte: Elaborado pelas Autoras a partir de dados obtidos da pesquisa.

         

          O espaço físico, materiais, brinquedos, instrumentos sonoros e mobiliários são componentes ativos do processo educacional que refletem a concepção de educação assumida pela instituição. Cabe ao educador preparar o ambiente para que as crianças possam aprender de forma ativa na interação com outras crianças e com os adultos. De acordo com Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (1998, p. 58), “o espaço na instituição de educação infantil deve propiciar condições para que as crianças possam usufruí-lo em beneficio do seu desenvolvimento e aprendizagem”. O espaço deve ser pensado e rearranjado, considerando as diferentes necessidades de cada faixa etária, assim como as diferentes atividades que estão sendo desenvolvidas. Na escola pesquisada, o espaço é adequado a cada faixa etária.

          No gráfico 6, onde foi questionada a faixa etária das crianças que frequentam a creche, 100% dos pesquisados responderam que sim, crianças de 0 a 3 anos.

 

Gráfico 6- Faixa etária das crianças atendidas pela creche

 
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Elaborado pelas Autoras a partir de dados obtidos da pesquisa.

            

             A Educação Infantil representa a primeira etapa da Educação Básica e é composta por creches – para crianças de até três anos de idade; e pré-escolas – para as crianças de quatro a seis anos de idade. Assim, o sistema educacional integra a creche na categoria de Educação Infantil, sendo portanto o primeiro segmento da educação básica ao qual as crianças têm direito. A clientela atendida na escola pesquisada é bastante diversificada, pois atende crianças de 0 a 3 anos que chegam a partir dos 04 meses de idade, após o período de licença maternidade, independentemente de classe social, gênero, etnia, etc.

          Com a LDB (9394/96), a criança tem direito a uma educação de base e não mais a uma prévia escolarização, como antes era denominado de pré-escola, o termo "Educação Infantil" aparece denotando a importância desta fase.

          O  gráfico 7 demonstra que na creche atende portadores de necessidade especiais, 50% sim, se houver necessidade; 25%, só em caso de desenvolvimento motor; 25% no momento não temos ninguém, mas nossos professores estão se qualificando.

Gráfico 7- A creche atende portadores de necessidades especiais

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Fonte: Elaborado pelas Autoras a partir de dados obtidos da pesquisa.

 

          A escola traz consigo toda uma bagagem de cultura e de saberes que atendiam às necessidades de uma determinada época e clientela. Se antes  o indivíduo com necessidades especiais era eliminado da sociedade, hoje ele tem seu direito adquirido por  lei, a qual o coloca como um ser igual às outras crianças, vivendo como as outras e recebendo dentro de um estabelecimento de ensino sua formação educacional. Na LDB 9394/96, a Educação Especial foi contemplada com um capítulo, “educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”. O Artigo 58º dessa lei estabelece que se entende por Educação Especial:

Modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos que apresentam necessidades especiais, e que haverá quando necessário serviço de apoio especializado, na escola regular para atender às peculiaridades da clientela de Educação Especial. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino.

Para Mantoan (1999, p. 78),há de (re) pensar com muita cautela sobre a estrutura escolar, nossa avaliação, nossa interação com as famílias e os conhecimentos adquiridos pelos professores para atender a este aluno.

          O gráfico 8 apresenta que, conforme respostas dos pesquisados, 71% responderam que existem regras de convívio social e interação, 29% cumprir as tarefas.

 

 

 

 

Gráfico 8- Existe no espaço escolar

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Fonte: Elaborado pelas Autoras a partir de dados obtidos da pesquisa.

 

Os momentos iniciais na creche exigem sempre um esforço de adaptação da criança e da família. O período de adaptação pode ser cuidadosamente planejado para promover a confiança e o conhecimento mútuo, favorecendo o estabelecimento de vínculos afetivos entre as crianças, as famílias e os educadores.

Durante a adaptação, o educador deve auxiliar a criança a familiarizar-se com as regras como os novos horários, alimentação e banho, buscando o equilíbrio dos seus hábitos e costumes, aproximando-as gradualmente até acomodá-las á rotina da creche.

                                      É fundamental e indispensável que a mãe participe da adaptação e o seu papel é o   desprender-se do filho, de forma segura, tranquila, porém firme, resoluta. Enquanto           esse passo não é dado efetivamente pele mãe, a adaptação não se concretizará, a                        criança poderá ficar na creche, mais insegura, confusa, ansiosa e não ajustada ou     adaptada. (RIZZO, 1984, p. 229).

 

Cabe ao educador planejar a melhor forma de organizar o ambiente nestes primeiros dias, levando em consideração os gostos e preferências das crianças, repensando a rotina em função sua chegada e oferecendo-lhes atividades atrativas.

O gráfico 9 mostra que, ao serem questionados sobre se as famílias têm acesso na creche 57% dos pesquisados responderam que sim a qualquer momento e 43% responderam que somente na entrada e saída.

 

 

 

 

 

Gráfico 9- As famílias têm acesso à creche

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Elaborado pelas Autoras a partir de dados obtidos da pesquisa.

 

 

 

Fonte: Elaborado pelas Autoras a partir de dados obtidos da pesquisa.

 

          Muitas vezes, a creche e a família travam verdadeira luta para determinar qual das duas está tendo maior competência em relação à educação e cuidados dispensados às crianças. Esta conduta é prejudicial a todos os atores envolvidos neste processo: família, educadores e principalmente a criança.

          Para Oliveira et al (2001), a abertura da creche para a participação da família significa reconhecer que ela é um dos contextos em que ocorre o desenvolvimento da criança, que deve ser compartilhado com a família. Isto implica compartilhar os sucessos e as dificuldades que se apresentam e, acima de tudo, compartilhar o processo de cuidar e educar a criança em sua etapa de vida, visando o seu crescimento e desenvolvimento saudável, formando cidadãos responsáveis pelo seu viver em sociedade.

          Não se pode negar que é, primeiramente na família, onde se recebem os ensinamentos e a preparação para a vida em sociedade e, até mesmo, para a reprodução, conservação e confirmação dos valores recebidos que são necessários no processo de interação em suas relações sociais. Tendo a família esse papel principal de formação e educação, deveria saber quanto à educação dada a seus filhos pela escola é importante e o quanto sua parceria com ela pode ajudar no desenvolvimento desse processo.

          O gráfico 10 apresenta que 57% acreditam que a crianças crescem na creche  e 43% sim, crescem, no físico, social e emocional.

 

 

 

 

Gráfico 10- A criança cresce na creche

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Elaborado pelas Autoras a partir de dados obtidos da pesquisa.

 

          Além do aprendizado, a criança cresce em costumes diferentes e desenvolve papéis sociais e cria autonomia e interação, aprende a respeitar regras, e obedecer também. De acordo com Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (1998, p. 58), “o espaço na instituição de educação infantil deve propiciar condições para que as crianças possam usufruí-lo em beneficio do seu desenvolvimento e aprendizagem”.

          O espaço físico, materiais, brinquedos, instrumentos sonoros e mobiliários são componentes ativos do processo educacional que refletem a concepção de educação assumida pela instituição.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

          A Educação Infantil vem sendo cada vez mais estudada pelos educadores, principalmente por aqueles profissionais que trabalham nesta etapa de ensino. A creche é uma instituição social, cujo objetivo é formar a criança que passa a maior parte do tempo sob os cuidados dos educadores.

Sabe-se que, quando se propõe a trabalhar com crianças bem pequenas, deve-se ter como princípio conhecer seus interesses e necessidades. Cuidar e educar é impregnar a ação pedagógica de consciência, estabelecendo uma visão integrada do desenvolvimento da criança com base em concepções que respeitem a diversidade, o momento e a realidade, peculiares à infância. Isso implica reconhecer que o desenvolvimento, a construção dos saberes, a constituição do ser não ocorre em momentos e de maneira compartimentada. Cuidar e educar significa compreender que o espaço/tempo em que a criança se encontra exige seu esforço particular e a mediação dos adultos como forma de proporcionar ambientes que estimulem a curiosidade com consciência e responsabilidade.

          O ambiente deve ser pensado e organizado, considerado as diferentes necessidades de cada faixa etária, assim como as diferentes atividades que estão sendo desenvolvidas. O espaço na instituição de educação infantil deve propiciar condições para que as crianças possam usufruí-lo em benefício do seu desenvolvimento e aprendizagem

Ao final do estudo, com os objetivos alcançados, verificou-se que a creche é um espaço de socialização e interação, tem como função cuidar e educar e que a creche não substitui a família, as duas são instituições que se complementam e assim devem ser compreendidas. Constatou-se, ainda, que o trabalho educativo da creche deve criar condições para as crianças conhecerem novos sentimentos, valores, ideias, costumes e papéis sociais.

Dentro do exposto, modificar essa concepção de educação assistencialista significa atentar para várias questões que vão além dos aspectos legais. Envolve, principalmente, assumir as especificidades da educação infantil e rever concepções sobre a infância, as relações entre classes sociais, as responsabilidades da sociedade e o papel do Estado diante de crianças pequenas.

          Assim, sugere-se que o educador deve conhecer as formas de vida dos alunos, seus valores, hábitos e tradições, para poder planejar seu trabalho e pensar em todas as etapas do mesmo, fazendo do cuidar uma prática pedagógica que contribua ainda mais com o desenvolvimento das crianças.

 

NURSERY: CHILDREN UNDER OR SPACES OF EARLY CHILDHOOD EDUCATION?

 

ABSTRACT

          This study aimed to describe the transition from daycare Laura Vicuña of the attendance area in educational space. For both methods were used inductive, monographic and statistician, for data collection technique extensive direct observation proved necessary, through the research instrument questionnaire containing open and closed questions. At the end it was found that the nursery is a space of socialization and interaction, and its function is to care for and educate and is not a substitute daycare family, the two institutions are complementary and should be well understood. It was further observed that the educational work of the nursery must create conditions for children to meet new feelings, values​​, ideas, customs, and social roles. So modify this conception of education welfare means attending to several issues that go beyond the legal aspects. Mainly involves taking the specificities of early childhood education and review concepts of childhood, relations between social classes, the responsibilities of society and the role of the state in front of small children.

 

Keywords: Welfare. Daycare. Education.

 

REFERÊNCIAS

 

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LÓPEZ, Jaime Sarramona. Educação na família e na escola: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2002.

 

MANTOAN, M. T. E. A integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: SENAC, 1999.

MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual para elaboração de monografias e dissertações. São Paulo: Atlas, 2002.

 

MONTENEGRO, T. O cuidado e a formação moral na educação infantil. São Paulo, EDUC, 2001.

 

OLIVEIRA, Zilma de Moraes. Educação infantil: muitos olhares. São Paulo: Cortez, 1995.

 

OLIVEIRA, Zilma de Moraes et al. Creches: crianças faz de conta. Petrópolis: Vozes, 2001.

 

PILETTI, Nelson, Sociologia da educação. São Paulo: Ática, 2003.

 

PREUSS, M. R. G. Atitudes maternas e tipo de cuidado alternativo escolhido por mães que trabalham fora. Psicol.,Teor., Brasília, v. 2, n. 3, p. 3-105, set./dez.1986.

 

RIZZO, Gilda. Creche: organização, montagem e funcionamento. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora S/A. 1984.

 

RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo: Atlas, 2006.

 

SOUSA, Ana Maria Costa de. Educação Infantil: uma proposta de gestão municipal. Campinas, SP: Papirus: 2006.

 

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2007.

 

APÊNDICE A – Carta de Apresentação

 

 

Prezado (a) professor (a)

 

Cursamos a Pós-graduação em Educação Infantil da Faculdade de Alta Floresta (FAF), precisamos realizar uma pesquisa com o título CRECHES: ABRIGO DE CRIANÇAS OU ESPAÇO DE EDUCAÇÃO INFANTIL”.

O questionário é bem simples e objetivo, gostaríamos que respondesse com  sinceridade, que não deixasse nenhuma resposta em branco e também que fique bem  claro que não precisa se identificar.

Gostaríamos também que soubesse que nosso sucesso depende exclusivamente da seriedade de suas respostas.

          Obrigada pela consideração.

Elza Santana de Brito Garcia

 

Irany Mariano da Silva

 

Tatiane Zanon

 

 

 
APÊNDICE B –

 

 

 

 
Questionário

 

1 Qual é seu sexo?

  (   ) masculino  (   )  feminino

2 Qual é sua idade?

  (   ) De 20 a 35 anos

  (   ) Acima de 35 anos

  (   ) Mais de 40 anos

3 Na sua opinião a creche é uma instituição assistencialista ou um espaço educativo? Por quê?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________4 Na sua opinião a creche é importante para a comunidade? Justifique?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________5 A relação  creche e família tem contribuído no aprendizado da criança?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________6 É dever da família conhecer a proposta pedagógica da creche? De que forma?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________7 A organização do espaço físico da creche  e do tempo de permanência dos alunos na mesma, é importante para  uma boa educação?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________8 A creche funciona em tempo integral? Qual a faixa etária das crianças atendidas pela creche nesse tempo?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________9 A creche atende portadores de necessidades especiais? Quais?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________10 Que tipo de regras existe no espaço escolar?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11As famílias têm acesso à creche, nos momentos da entrada, da saída ou até mesmo durante o dia?

___________________________________________________________________________

12 Você acha que a criança cresce na creche? Em quais aspectos?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Relatório do arquivo: ARTIGO ELZA OK.docx em 19/03/2013

 

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