Untitled Document

CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS MATEMÁTICOS NA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DA 2ª FASE DO 1º CICLO DA ESCOLA ESTADUAL 19 DE MAIO DE ALTA FLORESTA-MT

 

MARQUES, Marilaine de Castro Pereira[1]

PERIN, Clailton Lira[2]

SANTOS, Edinalva dos[3]

 

RESUMO

 

A verdadeira educação é aquela que instiga o desejo do indivíduo a explorar, observar, trabalhar, jogar e acreditar-se. Levando em conta essa perspectiva, a educação precisa organizar seus conhecimentos, partindo dos interesses dos alunos e, desse modo, levá-los a outros patamares de aprendizagem, que são primordiais à formação e ao exercício da cidadania. A aprendizagem do aluno é responsabilidade do estado, da escola e da família. Esses, juntos, devem buscar, de acordo com suas atribuições, condições básicas para que os educandos possam construir conhecimentos de forma significativa. Nesse aspecto, merecem especial destaque os jogos, pois têm papel importante no processo ensino-aprendizagem das crianças quando propostos com objetivos e critérios pedagógicos, ou seja, favorecem resultados exitosos.O presente trabalho foi desenvolvido na Escola 19 de Maio, em Alta Floresta - MT, no ano de 2012, e teve por objetivos identificar se os professores utilizam os jogos matemáticos como recurso pedagógico nos anos iniciais; diagnosticar como os jogos matemáticos contribuem para a aprendizagem dos alunos segundo depoimentos das professoras; e, indagar as pesquisadas sobre quais são os jogos utilizados nas suas práticas pedagógicas. Os dados da pesquisa indicaram que todas as pesquisadas têm curso superior, 89% delas utilizam os jogos para desenvolver o raciocínio lógico, a afetividade e a socialização, a criatividade, a criticidade, a imaginação e a aprendizagem significativa dos alunos, porque conhecem a importância da utilização dos mesmos. Os jogos utilizados pelas professoras são: xadrez, dama, dominó, quebra-cabeça, bingo, caça-palavras, dado e jogo da memória. O jogo, com seu caráter lúdico, é importante para o ser humano em qualquer idade. Portanto, propiciar situações com jogos é investir no prazer, no desafio e no melhor desempenho dos alunos.

 

Palavras-chave: Jogos. Matemática. Ludicidade.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

Os jogos matemáticos desenvolvem o raciocínio lógico das crianças e suas habilidades; levam-nas a conceberem a matemática como uma disciplina prazerosa e proporcionam a criação de vínculos positivos na relação professor-aluno e aluno-aluno. Com os jogos matemáticos, os alunos podem encontrar equilíbrio entre o real e o imaginário e ampliarem seus conhecimentos e o raciocínio lógico-matemático.

O acompanhamento do educador é essencial para promover uma aprendizagem de conhecimento satisfatório, que seja capaz de despertar o interesse do aluno em seu processo de construção de conhecimentos.  O educador pode possibilitar ao aluno vivenciar os jogos visando, entre outros benefícios, aumentar sua motivação na disciplina de matemática.

Escolheu-se desenvolver a pesquisa, intitulada “Contribuições dos jogos matemáticos na aprendizagem dos alunos da 2ª fase do 1º ciclo da Escola 19 de Maio de Alta Floresta – MT, segundo depoimentos dos professores”, devido ao interesse de conhecer mais a respeito do assunto. Para tanto, realizou-se pesquisa de campo e bibliográfica. O embasamento teórico adveio de obras de autores como Kishimoto (2007), Montessori (1965) e Aranão (2006).

O trabalho teve por objetivos identificar se os professores utilizam os jogos matemáticos como recurso pedagógico no ensino aprendizagem e na socialização das crianças nos anos iniciais; diagnosticar como os jogos matemáticos contribuem para a aprendizagem dos alunos segundo depoimentos dos professores da 2ª fase do 1º ciclo; e indagar aos professores quais são os jogos utilizados nas suas práticas pedagógicas.

Levando em conta que os profissionais da educação da rede pública de ensino de Alta Floresta receberam, nos últimos anos, formação inicial e continuada para atuarem de acordo com as tendências atuais de educação, defenderam-se as seguintes hipóteses: a) Os professores dos anos iniciais da Escola 19 de Maio utilizam jogos em suas práticas pedagógicas no ensino de matemática; b) os jogos utilizados pelas professoras são: quebra cabeça, dominó, xadrez, dama, dado, bingo e caça palavras.

A escola tem por finalidade socializar os conhecimentos historicamente acumulados e o professor é o profissional responsável por organizar as situações de aprendizagens. A utilização de jogos no ensino de Matemática é uma das formas de conduzir o sujeito na busca desses conhecimentos, visto que, ao jogar, o educando mistura esforço com brincadeira o que favorece transformar o trabalho em aprendizado eficaz.

Acredita-se na relevância desta pesquisa porque serviu para aprofundar conhecimento e apresentar discussões sobre a importância dos jogos nos anos iniciais, o que pode interessar também, a outros profissionais da educação.

 

 

 

 

2 EMBASAMENTO TEÓRICO

 

Na atualidade, pesquisadores, estudiosos e profissionais da educação que buscam criar situações desafiadoras e significativas para a construção de conhecimentos concebem os jogos como estratégias pedagógicas favoráveis, inclusive para a construção de conceitos matemáticos.

Segundo Kishimoto (2007), os jogos estão vinculados no pensamento de cada criança mesmo que ela ainda não os conheça, porque a mesma cria suas próprias fantasias através de brinquedos ligados ao seu cotidiano familiar.

Trabalhar com os jogos nos anos iniciais, segundo Montessori (1965), é uma técnica que facilita o desenvolvimento dos alunos. Com a utilização de jogos no ensino de matemática, o professor tem possibilidades de oferecer várias opções para desenvolver as capacidades dos educandos em cada fase em que se encontram. Utilizar jogos de forma coerente com os objetivos a serem alcançados, explorando a ludicidade, é uma maneira inteligente e criativa de promover a superação de obstáculos no ensino de matemática.

O ensino da matemática por meio de jogos, por exemplo, pode transformar as atividades matemáticas que, às vezes, são geradoras de sofrimento para muitos educandos em fonte de satisfação, motivação e interação social.

Na sequência, são apresentados aspectos inerentes à matemática como atividade humana e sua importância no cotidiano das pessoas; os jogos como estratégias pedagógicas favoráveis à construção de conhecimentos e a importância dos jogos no ensino de matemática.

 

2.1 A matemática como atividade humana

 

A matemática está presente no cotidiano de todo cidadão e desempenha papel decisivo na vida das pessoas, ajudando-as resolver situações diversas. Ao olhar as horas no relógio, ao fazer as refeições, caminhar pelas ruas e fazer compras, exercitam-se os conhecimentos matemáticos. Aranão (1996, p. 27) afirma que,

Ao longo da historia o ser humano constituiu seus conceitos matemáticos por meio da utilização de objetos concretos (pedra, sementes etc.) para contar seus pertences,e limitar seu território e construir objetos de utilização pessoal. Será que o educador chegou para homem primitivo dizendo: ”hoje vamos aprender e contar“? É claro que não. Os conceitos matemáticos foram sendo construído gradativamente ate chegarmos ao presente avanço tecnológico.

A matemática é uma atividade humana dinâmica que auxilia o processo de desenvolvimento antrópico.

Para Aranão (1996, p. 22), “o ensino da matemática deve fundir-se à aprendizagem natural, espontânea e prazerosa que as crianças experimentam desde o nascer”.

A matemática permeia todas as áreas do conhecimento que serão utilizadas na vida prática. O ensino da matemática nas escolas não deve se distanciar dos seus principais objetivos, entre os quais está a construção da cidadania, o preparo para o mundo do trabalho e o desenvolvimento cognitivo, conforme esclarece a Nova LDB n. 9394/96.

Quando as escolas promovem o ensino da matemática de forma mecânica, os alunos se condicionam a receber informações prontas e não desenvolvem capacidades de buscar resolver situações problemas.

Smole, Diniz e Candido (2000, p.18) esclarecem que, quando o professor oportuniza aos educandos situações ativas de expressão, o que é possível também por meio de jogos, os alunos podem “conectar suas experiências pessoais com as dos colegas, refletir sobre o significado das ações que realizaram, avaliar seu desempenho, ao mesmo tempo que ampliam seus vocabulários e suas competências linguísticas”.

Nessa perspectiva, ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Em função disso, no intuito de promover uma aprendizagem significativa e alcançar resultados satisfatórios, educadores buscam cada vez mais instrumentos que sirvam de recursos pedagógicos auxiliares e a ludicidade envolvendo os jogos para ensinar matemática é uma maneira inteligente de lograr êxito na ação educativa.

A criança pode adquirir os conhecimentos matemáticos se beneficiando de materiais alternativos, como tampinha de garrafas, caixas de fósforos, palito de fósforo usado, entre outros. São materiais de fácil acesso, que permitem à criança exercitar seus conhecimentos. Smole, Diniz e Candido (2000, p.11) explicam que:

Explorar, investigar, descrever, representar seus pensamentos, suas ações.[...] representar, ouvir, falar e escrever são competências básicas de comunicação, essenciais para a aprendizagem de qualquer conteúdo em qualquer tempo; o ambiente previsto para o trabalho, precisa contemplar momentos para a produção e leitura de textos, trabalho em grupos, jogos, elaboração de representações pictóricas e, a elaboração e leituras de livros.

Ao selecionar os jogos a serem utilizados no processo educativo, é importante considerar os conhecimentos das crianças. Para identificar esses conhecimentos, é fundamental que o educador tenha formação - inicial e continuada - que lhe confira capacidades de utilizar critérios científicos para realizar suas análises e escolhas.

O jogo, por sua natureza lúdica e problematizadora, possibilita à criança “criar uma imagem de respeito de si mesma, manifestar gosto e desejo, dúvidas, mal-estar, críticas, aborrecimento, etc.”, como elucidam Smole, Diniz e Candido (2000, p.14).

Em suma, o jogo é uma das alternativas que os professores podem explorar para auxiliar na construção de diversos conhecimentos e também estimular a instituição de elos mais receptivos e agradáveis para contrapor as manifestações repulsivas que muitos alunos têm em relação a matemática.

 

2.2 Os jogos como estratégia pedagógica favorável à construção de conhecimentos

 

Kishimoto (2007) buscou saber de onde vem o prazer que as crianças sentem quando começam uma nova brincadeira e foi pensando nesta questão que ela aprofundou seus estudos. Buscou compreender a teorias dos jogos e as raízes folclóricas responsáveis pelo surgimento das brincadeiras. Quem originou os primeiros jogos no Brasil foram os escravos.

Ao pesquisar áreas do conhecimento dos jogos, Kishimoto (2007) fez diversos estudos como: a vinda dos portugueses e misturas das três raças, vermelha, negra e branca. Com esta mistura de raças, o folclore brasileiro deu origem aos jogos, que até hoje fazem parte da vida infantil.

No início do século XIX, ocorreu o surgimento de inovações pedagógicas. Kishimoto (2007), ao citar Froebel, enfatiza que, naquela época, o jogo passou a ser entendido como objeto e ação de brincar e que deveria fazer parte da história da educação pré-escolar, pois manipulando e brincando com materiais como bola, cubo e cilindro, montando e desmontando cubos, a criança estabelece relações matemáticas e adquire noções primárias de Física e Metafísica.

Já no século XX, segundo Moura (2009) começou a produção de pesquisas e teorias que discutem a importância do ato de brincar para a construção de representações infantis. Estudos e pesquisas de Piaget e Vygotsky, entre outros, evidenciam pressupostos para a construção de representações infantis relacionadas às diversas áreas do conhecimento. Com a expansão de novos ideais, crescem as experiências que introduzem o jogo com o intuito de facilitar tarefas do ensino.

Kishimoto (2007) enfatiza que, antes de utilizar jogos em sala de aula, o professor deve ter em mente que estes podem ocasionar vantagens e/ou desvantagens no processo de ensino aprendizagem, dependendo da maneira como forem utilizados.

O uso de jogos em sala de aula, segundo Kishimoto (2007), é um suporte metodológico adequado a todos os níveis de ensino, desde que a finalidade deles seja clara, a atividade desafiadora e que esteja adequado ao grau de aprendizagem de cada aluno.

Através das teorias de Kishimoto (2007), percebe-se que é necessário que, ao escolher os objetos para se trabalhar com os jogos com os alunos, deve-se classificar ou escolher cuidadosamente as atividades para obter um bom resultado no desenvolvimento dos mesmos. É muito importante, nos jogos coletivos ou individuais, estar sempre diversificando as práticas para que as mesmas sejam bem aproveitadas.

Os jogos trabalhados com critério pedagógico em sala de aula trazem diversos benefícios. Nogueira (2005) apresenta os seguintes: favorece a identificação de dificuldades; promove competição entre os alunos, que se empenham ao máximo para vencer; faz com que os alunos se tornem mais confiantes, críticos e capazes de trabalhar em equipe. Considerando essas vantagens, os educadores que utilizam os jogos em suas propostas pedagógicas têm ótimas chances de alcançar os objetivos que estão postos como necessários para formar cidadãos mais humanos e competentes.

 

2.3 A importância dos jogos no ensino de matemática

 

Os documentos oficiais das políticas educacionais do estado de Mato Grosso e do Brasil, assim como as proposições de estudiosos da Educação Matemática, indicam os jogos como estratégias valiosas na construção de conceitos matemáticos.

Kishimoto (2007) pontua que resolução de problema e jogo são elementos semelhantes, pois ambos se unem através do lúdico. Para ela, as situações de ensino devem ter caráter lúdico para desestruturar o aluno, proporcionando-lhe a construção de novos conhecimentos.

A relação entre jogos e resolução de problemas, conforme destaca Antunes (2006), evidencia vantagens no processo de criação e construção de conceitos por meio da discussão de temática entre os alunos e entre o professor e os alunos. Para ele, o jogo é um problema, porque, ao jogar, o indivíduo constrói conceitos, de forma lúdica, dinâmica, desafiadora e motivante.

Por sua vez, Aranão (1996) esclarece que o jogo é um importante recurso metodológico que pode ser utilizado em sala de aula, para desenvolver a capacidade de lidar com informações e criar significados culturais para os conceitos matemáticos. A utilização de jogos nas aulas auxilia os alunos a aprenderem a respeitar regras, a exercer diferentes papéis, a discutir e a chegar a acordos, a desenvolver habilidade de pensar de forma independente e na construção de conhecimento lógico matemático.

Segundo Brasil (1997), as atividades com jogos em sala de aula são uma forma interessante de propor problemas, porque é atrativo para o aluno e favorece a criatividade na elaboração de estratégias durante o jogo.

Os jogos matemáticos, de acordo com Montessori (1965), têm como prioridade incentivar a criança no seu desenvolvimento sensorial e motor. Para tanto, é importante que os educadores mantenham o equilíbrio na distribuição da riqueza material e cultural, oferecendo aos alunos a oportunidade de produzir recursos necessários para uma vida digna. A autora ainda explicita que a criança aprende mais através de objetos colocados em seu mundo e que nesse movimento ela se desenvolve, tornando-se mais ágil.

Os jogos criam uma situação imaginária que permite ir além do próprio conhecimento. A criança tanto pode aceitar como discordar e essa dinâmica colabora para a formação de crianças que, no futuro, serão adultos mais críticos.

Há várias formas de ensinar as crianças com jogos utilizando produtos reciclados, tais como, caixa de fósforos usada, palito de sorvete, caixas de ovos e outros. Antunes (2006, p. 26) afirma que:

Embora existissem no comércio vários jogos, como cubos e peças de encaixe, é interessante que a escola os possua para seus alunos, em grupos pequenos, para que possam explorar esses desafios. A impossibilidade de compra não impede que sejam os mesmos providenciados com sucatas para seu uso em situações diversas. Mesmo sem o emprego de regras, a atividades já é pelo manuseio e conversa interior um produtivo estímulo.

A criança, em seu cotidiano, aprende a identificar objetos, entre eles, janela, parede e móveis, o que estimula as suas ideias de identificação.

Para Antunes (2006), na escola, essas atividades podem ser ampliadas, com a utilização de sólidos geométricos, figuras de papelão, em excursão dentro e fora do ambiente escolar, para que os alunos reconheçam determinadas formas e desenvolvam o pensamento abstrato.

Ao jogar, o aluno resolve questões por meio de tentativa e erro; pode reduzir um problema em situações mais simples; representar problemas, através de desenhos, gráficos ou tabelas; fazer analogias de problemas semelhantes e desenvolver o pensamento dedutivo.

O jogo pode ser aproveitado como instrumento facilitador no processo de construção de conhecimentos, visto que facilita seu desenvolvimento cognitivo, tendo em vista que os jogos matemáticos e a matemática recreativa são carregadas de ludicidade. 

Conforme exposto anteriormente, são muitas as potencialidades dos jogos no processo ensino-aprendizagem, cabendo ao professor selecionar de forma criteriosa os que são adequados a cada situação pedagógica.

 

3 MATERIAIS E MÉTODOS

 

O método de abordagem utilizado foi o indutivo e do procedimento, o monográfico. Utilizou-se também a técnica de observação direta extensiva, realizada através de um questionário composto por 15 questões abertas e fechadas. Inicialmente tais perguntas referiram-se à faixa etária, formação, bem como o tempo que atuam na Escola. A segunda parte do instrumento referiu-se aos conhecimentos teóricos e práticos das professoras em relação à utilização dos jogos no ensino de matemática.

Os questionários foram aplicados a 18 professoras que lecionam para a 2ª fase do 1º ciclo da Ecola 19 de Maio, de Alta Floresta – MT. A pesquisa foi desenvolvida durante o ano de 2012 e os dados foram apresentados em categorias de análises, com o uso de porcentagens e gráficos.

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

Foram distribuídos 18 questionários para profissionais da educação da Escola Estadual 19 de Maio, com a finalidade de saber se esse público utiliza jogos no ensino de matemática e quais os jogos mais utilizados em suas práticas pedagógicas de matemática. Os resultados e a discussão dos dados coletados serão apresentados na sequência.

 

4.1 Perfil das professoras pesquisadas

 

As pessoas que participaram desse trabalho são 100% do sexo feminino; 39% têm entre 34 a 39 anos; 34%, mais de 40 anos; 16%, de 23 a 28 anos e 11%, de 29 a 33 anos.Como já indicaram outras pesquisas na área da educação das últimas décadas, há uma tendência acentuada, chamada de feminilização do magistério, principalmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

A maior parte das professoras abordadas encontra-se numa faixa etária acima dos 34 anos, o que indica que é minoria as profissionais em início de carreira nesse nível de ensino, que requer educadores experientes para propiciar uma formação básica de boa qualidade para as crianças.

Os anos iniciais constituem a base para as próximas etapas de estudos e, quando bem preparados, os educandos têm a possibilidade de maior êxito na jornada estudantil. Não se pretende com esse destaque menosprezar a capacidade dos profissionais iniciantes nem generalizar que somente um longo tempo de experiência garante maiores condições de sucesso aos docentes. O propósito foi ressaltar que é importante que os anos iniciais sejam assumidos por profissionais que tenham potencial para realizar uma formação bem sucedida para as crianças.

Metade das pesquisadas possui renda familiar acima de 9 salários mínimos; 44%, de 3 a 4 salários; 39%, de 1 a 2 salários. A remuneração dessas profissionais indica a necessidade de maior empenho da categoria, da sociedade e dos governantes para dignificar um trabalho tão necessário a todos os segmentos sociais mediante remuneração mais justa.

Todas as professoras abordadas concluíram o nível superior, sendo que 80% têm graduação na área de Pedagogia, 5% tem graduação em Geografia, 5% em Língua Portuguesa e 5% em Matemática; 84% possuem pós graduação Lato Senso e uma das pesquisadas está fazendo especialização. A formação inicial é um dos elementos indispensáveis para se promover uma educação humanista, que precisa ser retroalimentada pela formação contínua, pois, na atualidade, os conhecimentos têm uma validade curta devido à grande velocidade das transformações ocorridas na pós-modernidade.

Ao indagar as professores a respeito da relevância da formação continuada oferecida na escola, 79% responderam que os referidos encontros formativos oferecem contribuições para se trabalhar com jogos e 16% afirmaram que a formação não oferece contribuição para desenvolver trabalhos com jogos conforme indica o gráfico 1.

As escolas do estado de Mato Grosso têm autonomia para eleger as necessidades formativas de seus profissionais a cada início de ano letivo e, a partir de então, elaborar o projeto de formação continuada, com a finalidade de melhorar as capacidades dos educadores para que possam aprimorar a qualidade do processo ensino-aprendizagem da instituição em que atuam. (MATO GROSSO, 2013)

A declaração das professoras indicou que nem todas se sentem contempladas por essa proposta, pelo menos no que se refere às questões inerentes aos jogos no ensino de matemática. Como todas as pesquisadas responderam que não têm dificuldades para trabalhar com jogos, entende-se que a formação inicial lhes ofereceu uma boa fundamentação a respeito dos jogos como recurso didático.

 

Tabela 1 – Contribuições para trabalhar com jogos, na formação continuada, oferecidos pela Escola

Nº DE ORDEM

DESCRIÇÃO

QUANTIDADE

PERCENTUAL

TOTAL

 

18

100%

Sim

14

79%

Não

3

16%

Às vezes

1

5%

Fonte: SANTOS, Edinalva dos. Questionários. Alta Floresta/MT. 2012.

 

Gráfico 1 – Contribuições para a prática dos jogos na formação continuada oferecidos pela Escola

 

Fonte: SANTOS, Edinalva dos. Questionários. Alta Floresta-MT. 2012.

 

4.2 A utilização e a importância dos jogos na concepção das professoras pesquisadas

                 

Conforme indica o gráfico 2, 89% das professoras utilizam jogos no ensino de matemática. Quanto às contribuições dos jogos, o gráfico 3 mostra que 68% utilizam jogos porque esses ajudam no desenvolvimento psicomotor, afetivo e cognitivo das crianças; para 5% delas, os jogos oferecem facilidade para que os alunos entendam as operações matemáticas; e, para 5% das pesquisadas, os jogos desenvolvem o raciocínio lógico, o que acarreta melhor compreensão dos conteúdos.

A declaração das professoras está em consonância com as proposições apresentadas por estudiosos a respeito das contribuições dos jogos no ensino de matemática. Entre esses estudiosos, destacam-se Smole, Diniz e Candido (2000, p.18), Nogueira (2005) Kishimoto(2007), Aranão(1996) e Antunes (2006). Para esses autores, os jogos oferecem as seguintes contribuições para o ensino de matemática: promovem competição, despertam o interesse dos alunos, fortalecem a autoconfiança dos educandos, estimulam a criticidade, a capacidade de trabalhar em equipe, ampliam as capacidades linguísticas e de resolução de problemas.

 

Tabela 2 – Utilização de jogos no ensino de matemática

Nº DE ORDEM

DESCRIÇÃO

QUANTIDADE

PERCENTUAL

TOTAL

 

18

100%

Sim

16

89%

Em branco

2

11%

Não

0

0%

Fonte: SANTOS, Edinalva dos. Questionários. Alta Floresta/MT. 2012.

 

 

Gráfico 2 – Utilização de jogos no ensino de matemática

Fonte: SANTOS, Edinalva dos. Questionários. Alta Floresta/MT. 2012.

 

 

 

Tabela 3 - As contribuições dos jogos matemáticos para aprendizagem dos alunos da 2ª fase do 1º ciclo

Nº DE ORDEM

DESCRIÇÃO

QUANTIDADE

PERCENTUAL

TOTAL

 

18

100%

 

Desenvolvimento psicomotor, afetivo e cognitivo

12

 

68%

 

Em branco

2

11%

Maior entendimento das operações matemáticas

1

 

5%

 

Desenvolvimento do raciocínio lógico, assim compreende e aprende melhor

1

 

5%

 

Fonte: SANTOS, Edinalva dos. Questionários. Alta Floresta/MT. 2012.

Gráfico 3 - As contribuições dos jogos matemáticos para aprendizagem dos alunos da 2ª fase do 1º ciclo

Fonte: SANTOS, Edinalva dos. Questionários. Alta Floresta/MT. 2012.

 

4.3 Jogos utilizados pelas professoras pesquisadas

                 

Existem múltiplos tipos de jogos que podem ser utilizados no ensino de matemática. Dentre as pesquisadas, 68% utilizam o xadrez, a dama e o dominó; 16% utilizam o bingo, o dado, caça palavra e o uno; 5% utilizam jogos de boliche com garrafas pet para trabalhar as operações matemáticas, quebra cabeça e jogo da memória. 95% das professoras não encontram dificuldades para trabalhar com jogos no ensino de matemática; 79% diz não encontrar nas formações continuadas contribuições para trabalhar com jogos; 16% disseram encontrar e apenas 5% disseram, às vezes, encontrar contribuições.

A hipótese a, de que “as professoras utilizam jogos em suas práticas pedagógicas no ensino de matemática”, foi confirmada. A hipótese b,  “os jogos utilizados pelas professoras são: quebra cabeça, dominó, xadrez, dama, dado, bingo e caça palavras”, também foi confirmada.

Os depoimentos das professoras em voga indicaram que elas conhecem a importância do jogo como recurso pedagógico e que essa estratégia favorece a aquisição de conhecimentos, a socialização, a afetividade, a criatividade, a criticidade, a imaginação e a aprendizagem significativa.

A importância do ato de brincar na sala de aula, como esclarece Kishimoto (2007, p.78), “não constitui perda de tempo, possibilita o desenvolvimento integral da criança”. O jogo com critério pedagógico favorece o desenvolvimento humano de forma lúdica e facilita a identificação das dificuldades dos educandos, bem como as intervenções necessárias para sanar estas.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Os sujeitos que fizeram parte desta pesquisa são 100% do sexo feminino; 39% têm entre 34 a 39 anos; 34%, mais de 40 anos; 16%, de 23 a 28 anos e 11%, de 29 a 33 anos. Todas as professoras abordadas possuem curso superior e 84% delas têm pós-graduação lato senso.

Das professoras pesquisadas, 89% utilizam os jogos no ensino da matemática, tais como xadrez, dama, dominó, quebra-cabeça, bingo,  caça-palavras, dado,  e jogo da memória. Quanto às contribuições dos jogos, 68% declararam que utilizam jogos porque esses ajudam no desenvolvimento psicomotor, afetivo e cognitivo das crianças.

Os depoimentos das professoras em voga indicaram que elas conhecem a importância do jogo como recurso pedagógico e que essa estratégia favorece a aquisição de conhecimentos, a socialização, a afetividade, a criatividade, a criticidade, a imaginação e a aprendizagem significativa.

As pesquisadas declaram, também, que não encontram dificuldades para trabalhar com jogos; 79% delas reconhece que a formação continuada da escola oferece contribuições para trabalhar com jogos ao passo que 16% do universo amostral dessa pesquisa explicitaram que não encontram contribuições nas práticas formativas da instituição onde trabalham.

O jogo, com seu caráter lúdico, é importante para o ser humano em qualquer idade. Propiciar situações com jogos é investir no prazer, no desafio e no melhor desempenho dos alunos. Entretanto, os jogos devem ser utilizados com critério pedagógico, para alcançar êxito nas práticas educativas. Para tanto, é importante os conhecimentos da formação inicial e também sua retroalimentação por meio da formação contínua.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONTRIBUTION OF MATHEMATICAL GAMES IN LEARNING OF STUDENTS OF THE 2ND PHASE OF THE 1ST CYCLE STATE SCHOOL MAY 19 ALTA FLORESTA-MT

ABSTRACT

This work has been developed in “19 de Maio” State School in Alta Floresta-MT in the year of 2012 and aimed to identify whether the teachers use math games as a pedagogic resource in the first grades; to diagnose how math games contribute to the learning of the students according to teachers’ declarations; and to inquire the interviewed teachers about the games used in their pedagogic practices. The data of the research indicated that all of the researched teachers are graduate, 89% of them use games to develop logical thought, affectivity and socialization, creativity, criticism, imagination and learning of the students, as they know the importance of its use. Among the games used are: chess, checkers, dominoes, puzzles, bingo, crosswords, dice and memory games. The game, in its ludic character, is important to the human being at any ages. To offer moments with games is to invest in pleasure, in challenge and better performance of the students.

 

Keywords: Games. Mathematics. Playfulness.

 

REFERÊNCIAS

 

ANTUNES, Celso. Inteligências múltiplas e seus jogos inteligência: Inteligência espacial. v 4. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.

 

ARANÃO, Ivana V. D. A Matemática através de brincadeiras e jogos. Campinas, SP: Papirus, 1996.

 

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: matemática. v 3. Secretaria de Educação Fundamental: Brasília, 1997.

 

GARDNER, Martin. Divertimentos matemáticos. Trad. Bruno Mazza. 4. ed. São Paulo: IBRASA, 1998.

 

KISHIMOTO, TizukoMorchida. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. 14. e.d. Petrópolis, RJ, 2007.

 

SABINI, Cória; LUCENA, Aparecida R. F. Jogos e brincadeiras na educação infantil. 4. ed. Campinas, SP: Papirus, 2008.

 

MATO GROSSO. Secretaria de Estado de Educação. Secretaria Adjunta de Políticas Educacionais – SAPE. Superintendência de Formação dos Profissionais da Educação Básica - SUFP. Coordenadoria de Formação e Avaliação dos Cefapros. Parecer Orientativo n. 01/2013 referente ao Desenvolvimento do Projeto Sala de Educador para o ano de 2013

 

MONTESSORI, Maria. Disponível em:< http://lereescrevercerto.blogspot.com/2009/05/5correntes-pedagogicas-montessori.html>. Acesso em: 21 de out. 2011.

 

MOURA, F. Jogos e Modelagem na educação matemática. São Paulo: Saraiva, 2009.

 

NOGUEIRA, C. M. I. Tendências em educação matemática escolar: das relações aluno-professor e o saber matemático. In: ANDRADE, D.; NOGUEIRA, C. M. I. org. Educação Matemática e as operações fundamentais. Maringá: EDUEM, 2005.

PIAGET, Jean. Biologia e conhecimento. Petrópolis: Vozes, 2000.

SMOLE, Kátia; DINIZ, Maria Ignez S. V.; CANDIDO, Patrícia T. Brincadeiras infantis nas aulas de Matemática. Porto Alegre: Artmed, 2000.

VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


©️ REFAF 2020 - Revista Eletrônica Multidisciplinar da Faculdade de Alta Floresta - ISSN: 2238-5479