Documento sem título

A CONCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ALUNOS DO 7ª E 8ª ANOS DO CENTRO EDUCACIONAL DE JOVENS E ADULTOS (CEJA) DA ESCOLA ESTADUAL ARIOSTO DA RIVA DE ALTA FLORESTA – MT.

MARQUES, Marilaine de Castro Pereira
marilainecastro@hotmail.com
SHUTZE, Everson Andre Pereira
andreschutze@hotmail.com
JESUS, Marcelino de
marcelinodejesus@bol.com.br

RESUMO

O presente estudo objetivou verificar a concepção ambiental dos alunos do Centro Educacional de Jovens e Adultos (CEJA), de Alta Floresta, do 7º e 8º anos, do período noturno. O estudo foi desenvolvido de fevereiro a junho de 2013. Os métodos utilizados foram o indutivo e o monográfico. A coleta dos dados foi realizada por meio de questionário contendo 17 (dezessete) perguntas abertas e 6 (seis) fechadas. De acordo com os resultados, os alunos gostam das aulas de Educação Ambiental (EA) e os profissionais da escola que trabalham com a referida ferramenta são os professores das disciplinas de Ciências, Biologia e Geografia. Quando questionados sobre o que é Educação ambiental, 70% responderam que "é não prejudicar a natureza"; 20% a descreveram como "um estudo para melhorar o meio ambiente" e 10% disseram que é a "fauna e flora". Os educandos informaram que, nas aulas de EA, aprenderam a importância de preservar, o respeito à Terra e a cuidar do meio ambiente. Constatou-se que alguns alunos ainda confundem EA com ensino de Ecologia. A EA deve ser trabalhada de forma interdisciplinar, permanente e por todos os docentes da escola; no CEJA de Alta Floresta esse trabalho é realizado por alguns docentes. O trabalho em voga pode servir para indicar: a importância de enfocar a EA como atividade humana que auxilia na construção de conhecimentos, valores e atitudes que fortalecem a cultura de responsabilidade planetária; e que é fundamental os docentes terem formação que os possibilitem atuar nos processos formativos inerentes a EA, com eficácia.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Concepção. Jovens e Adultos.

 

1 INTRODUÇÃO    

A educação ambiental é uma importante ferramenta de gestão utilizada pelas escolas com a finalidade de sensibilizar os educandos para a construção de conceitos, valores e atitudes comprometidas com a sustentabilidade. Deve ser trabalhada de forma integrada às disciplinas do currículo escolar permanentemente, por todos os educadores das instituições de ensino. 
A escola não é a única responsável por formar uma nova cultura de responsabilidade frente à necessidade de respeitar todas as formas de vida e utilizar os recursos com racionalidade; esse é um dever de todos os cidadãos da Terra. A escola é uma das instâncias que têm a responsabilidade de melhorar a qualidade de vida da população, por meio de informação, estudos e sensibilização.
O presente trabalho teve por objetivo conhecer a concepção que os educandos do Centro Educacional de Jovens e Adultos (CEJA), do 7ª e 8ª anos do período noturno têm a respeito de Educação Ambiental. O mesmo foi realizado de fevereiro a junho de 2013. Os métodos utilizados na pesquisa foram o indutivo e o monográfico, os dados foram coletados por meio de questionários contendo 17 (dezessete) perguntas abertas e 06 (seis) fechadas. Os vinte e três questionários entregues foram devolvidos devidamente respondidos.
Tendo em vista que a questão ambiental é de urgência social, esse artigo poderá interessar educandos e educadores que compreendem a necessidade de trabalhar educação ambiental nas escolas de forma constante, para fomentar a construção de conceitos, valores e práticas que favoreçam a cidadania.

2. EMBASAMENTO TEÓRICO

As discussões sobre as questões ambientais têm tomado grandes dimensões na atualidade, visto que é necessário buscar soluções para a crise socioambiental, decorrente do modelo de desenvolvimento econômico consumista. Na urgência da mudança de atitudes e hábitos, os humanos necessitam perceber-se como parte integrante do ambiente, para a promoção da sustentabilidade.
A educação ambiental é uma ferramenta facilitadora para as discussões no desenvolvimento da compreensão, percepção e conexão do homem com o meio ambiente.  Inserida no contexto escolar, deve ser abordada e explorada de forma interdisciplinar, possibilitando ao discente o contato constante com o meio ambiente.
"A  Educação Ambiental fomenta sensibilidades afetivas e capacidades cognitivas para uma leitura do mundo do ponto de vista ambiental. Dessa forma, estabelece-se como mediação para múltiplas compreensões da experiência do indivíduo e dos coletivos sociais em suas relações com o ambiente. Esse processo de aprendizagem, por via dessa perspectiva de leitura, dá-se particularmente pela ação do educador como intérprete dos nexos entre sociedade e ambiente e da Educação Ambiental como mediadora na construção social de novas sensibilidades e posturas éticas diante do mundo." (CARVALHO, 2012, p.04).

 Carvalho (2012) esclarece também que o movimento ecológico surgiu na década de 60 com a finalidade de difundir a Educação Ambiental (EA) como ferramenta de transformação das relações do homem com o ambiente. A mesma foi uma resposta à sociedade que estava preocupada com o futuro da vida.
A escola foi um dos primeiros espaços a absorver a educação ambiental, recebendo sua cota de responsabilidade para melhorar a qualidade de vida da população conforme atesta a pesquisadora Segura (2001).  Tamoio (2002) explica que a escola é uma instituição que faz parte da conjuntura sociopolítica, desse modo, a educação ambiental se inseriu na mesma refletindo as práticas dos educadores, que utilizam referenciais teóricos variados.
A educação ambiental é um componente urgente e essencial em todo processo educativo, formal e/ou não formal, como orientam os Artigos 205 e 225 da Constituição Federal de 1988.
A Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, define parâmetros gerais para a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA). A Lei dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
A Política Nacional de Educação Ambiental é uma proposta de promoção da educação ambiental em todos os setores da sociedade, não estabelece regras ou sanções, mas sim responsabilidades e obrigações. Ao definir responsabilidade e inserir na pauta dos diversos setores da sociedade, institucionaliza e legaliza seus princípios e oferece à sociedade um instrumento de promoção da educação ambiental.
A Educação Ambiental, como tema transversal, possibilita a opção por diferentes situações desejadas, balizadas por valores como responsabilidade, cooperação, solidariedade e respeito pela vida, integrando os conteúdos disciplinares e os temas transversais. Coloca-se dentro de uma concepção de construção interdisciplinar do conhecimento, visa à consolidação da cidadania a partir de conteúdos vinculados ao cotidiano e aos interesses da maioria da população.(MEDINA, 1994, p.20).

Educação ambiental auxilia no entendimento do quadro global que cerca um problema específico, sua história, fatores econômicos e tecnológicos, os processos naturais ou artificiais que o causam e que sugerem ações para saná-lo; e promove a compreensão de que as pessoas são membros da biosfera e que devem se preocupar em melhorar as relações entre as sociedades humanas e o ambiente, de modo integrado e sustentável.

Esta corrente agrupa as proposições centradas na 'conservação' dos recursos, tanto no que concerne à sua qualidade quanto à sua quantidade: a água, o solo, a energia, as plantas (principalmente as plantas comestíveis e medicinais) e os animais (pelos recursos que pode ser obtidos deles), o patrimônio genético, o patrimônio construído, etc. Quando se fala de "conservação da natureza", como da biodiversidade, trata-se, sobretudo de uma natureza-recurso. (SAUVÈ, 2005, p.19).

 

A educação é uma forma de transformação social, que gera novos princípios, valores e conceitos para uma nova racionalidade. Também auxilia no questionamento e problematização dos paradigmas científicos. Assim, é possível compreender a educação ambiental como um processo de construção de valores sociais e de conhecimentos e atitudes voltadas para alternativas sustentáveis de desenvolvimento, tanto individual quanto coletivo.
A educação ambiental visa contribuir para a busca de uma relação mais equilibrada entre o homem e o meio ambiente. Por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, a educação ambiental constitui proposta transversal no currículo escolar.
Brasil (1998) destaca que a função fundamental do trabalho com o tema Meio Ambiente é colaborar na formação dos indivíduos, para que tenham capacidades para tomarem decisões e atuarem no mundo de forma comprometida com a vida e com o bem estar das sociedades. Par alcançar esses objetivos a escola precisa trabalhar para desenvolver atitudes e formar valores, o que é um desafio para a educação.
De acordo com Brasil (1998), cada vez mais as atividades desenvolvidas pelos seres humanos estão com um viés de serem mais responsáveis e cuidadosas com o meio ambiente.
Como exemplo de tal cuidado e responsabilidade, constata-se a adoção de várias atividades que antes não eram valorizadas, enquanto mecanismo de produção econômica e que hoje são desenvolvidas. Entre essas possibilidades, podem-se destacar as atividades Agrossilvipastoril, Silvipastoril e Agroflorestal.
Neste sentido, a educação ambiental ganha uma dimensão na formação humana em que é necessário mais do que informações e conceitos. Para desenvolver e aquilatar uma cultura de responsabilidade ambiental, a escola precisa se propor a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e procedimentos. Cabe ao educador ambiental desenvolver na educação formal um trabalho permanente de sensibilização das questões ambientais.
É importante que o educador procure desenvolver uma metodologia através da qual professores e alunos possam construir o conhecimento voltado para uma educação ambiental que permita transformar a escola em um local onde se exerça a cidadania, ainda nos dias atuais pouco presente de forma explícita no ambiente educacional.
De acordo com Sato (1997), o mundo social não funciona somente em termos de consciência, mas também de práticas, tais como: promover cursos e palestras; ressaltar a importância da reciclagem, a utilização das águas da chuva, a implantação de cisternas nas escolas, associações comunitárias e residências; dar ênfase a trabalhos expositivos em que as pessoas conheçam aos poucos a importância dessas inovações para se viver melhor.
Cada pessoa pode fazer algo para transformar paradigmas e conceitos para que haja uma maior harmonia no planeta. A prática da coleta seletiva é um exemplo de que cada pessoa pode fazer a diferença.
Para sensibilizar é preciso levar os educandos a refletirem sobre os problemas ambientais, suas causas e consequências, destacando a necessidade urgente de mudar o estilo de vida, visto que, se a mudança não acontecer, as condições do planeta em muito pouco tempo não serão mais favoráveis à vida na Terra.
É de responsabilidade também da escola contribuir para que o ser humano possa compreender a natureza e sentir-se parte dela. Pensar na educação ambiental nessa concepção inclui a preparação das comunidades para ter uma visão sistêmica, poder discutir e encontrar soluções para os problemas socioambientais baseadas em uma educação voltada para a sustentabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A crise ambiental é um reflexo da sociedade moderna, que tem o capitalismo como modelo de desenvolvimento econômico. A educação ambiental (EA) é uma educação política, crítica, do sistema atual, que busca alternativas sociais, éticas e justas para as gerações atuais e futuras. Trata-se de uma ferramenta que contribui com a construção de um novo modelo de sociedade.
Trabalhar a Educação Ambiental nas escolas é uma das proposições da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), número 9394/96, dos PCNs e da Lei Nacional de Política de Educação Ambiental número 9795/99.  Diante dos diversos impactos em vários pontos do planeta, independente dos documentos citados, os profissionais da educação precisam sentirem-se responsáveis por discutir e propor reflexões  sobre o tema, para gerar ações transformadoras.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), nº. 9394/96, a escola tem papel fundamental na formação dos seres humanos, porque deve educar para a cidadania e para o mundo do trabalho. Ser cidadão na atualidade é conhecer seus direitos, deveres, viver de forma responsável, autônoma, com espírito de solidariedade e fraternidade.
Segundo Faggionato(2012), diversas são as formas de se estudar a percepção ambiental: Nesses estudos podem ser utilizados questionários, mapas mentais, representação fotográfica, etc. Existem ainda trabalhos em percepção ambiental que buscam não apenas o entendimento do que o indivíduo percebe, mas a promoçãoda sensibilização, bem como o desenvolvimento do sistema de percepção e compreensão do ambiente.
O presente trabalho reportou-se à percepção dos pesquisados e os dados analisados foram coletados por meio dos vinte e três questionários respondidos pelos alunos do CEJA de Alta Floresta. Alta Floresta situa-se ao extremo norte de Mato Grosso, a uma distância de 820 Km da capital do Estado de Mato Grosso e possui uma área de 9.212 Km². Na sequência, serão apresentados os resultados inerentesa percepção que os alunos do Centro Educacional de Jovens e Adultos (CEJA), de Alta Florestatêm sobre Educação Ambiental.

3.1 Perfil dos pesquisados

Dos pesquisados, 53% são do sexo masculino e 47%do sexo feminino; 65% deles estão numa faixa etária entre 15 e 20 anos; 30% têm de 25 a 30 anos; e 5% têm de 30 a 40 anos. A maioria dos educandos que participaram da pesquisa tem entre 15 e 20 anos de idade. A partir da Nova LDB, nº 9394/96, intensificaram-se as políticas públicas de educação para todos.  Levando em conta a legislação em voga e a idade de 65% dos educandos abordados, constata-se que os mesmos passaram pela escola regular e, de alguma forma, não conseguiram se enquadrar na sistemática das instituições onde estudaram.
Nesse caso, para 65% dos pesquisados fora concedida uma vaga na escola. Propiciar uma vaga, mas não possibilitar condições de aprendizagem e progressão nos estudos é apenas uma forma de mascarar a exclusão, como ressalta Mato Grosso (2000).  Não cabe apontar culpados para essa situação, mas, ressaltar a necessidade urgente de enfrentar o problema da exclusão escolar com alternativas eficazes para incluir os educandos de forma efetiva. Incluir efetivamente significa possibilitar condições para que todos os educandos possam aprender.
Uma das proposições da Agenda 21, um dos principais documentos gerados na Conferência das Nações Unidas realizada no Rio de Janeira em 1992, é que educação com equidade para todos é requisito primordial para se construir sociedades mais sustentáveis. É desafiadora a função dos educadores, porque como profissionais estratégicos na formação dos humanos têm responsabilidade ética com a edificação dessa sociedade.
Ao serem questionados sobre o tempo em que estudam na escola, 70% dos alunos abordados responderam que estudam de 1 a 2 anos; 13%, de 3 a 4 anos e 17%, de 5 a 6 anos. Quanto à renda familiar, 70% afirmaram ter renda de 1 a 3 salários mínimos; 17%, de 4 a 5 salários e 13%, de 5 a 6, ou seja,a maioria possui uma rende familiar baixa. Esse é um indicador de que a maioria dos estudantes da EJA é oriunda das classes mais desfavorecidas.
A educação de jovens e adultos é uma modalidade de ensino que veio para reparar uma dívida social com aqueles que de alguma forma não conseguiram estudar na idade correta ou não progrediram em seus estudos, ao participar do ensino regular. A EJA é uma valiosa possibilidade para esses sujeitos. Por outro lado, indica que a educação regular precisa avançar rumo aos princípios da educação inclusiva.

3.2 Concepções dos pesquisados inerentes à Educação Ambiental
Quando questionados sobre o que é Educação ambiental, 70% responderam que "é não prejudicar a natureza"; 20% a descreveram como "um estudo para melhorar o meio ambiente" e 10% disseram que é a "fauna e flora".
A ideia predominante dos alunos é que a educação ambiental é uma forma de não prejudicar o meio ambiente, de melhorá-loe de buscar harmonia com a naturezaSegundo a Lei Federal nº 9.795/99, no seu artigo 1º, a educação ambiental constitui umprocesso que auxilia o sujeito e a coletividade a construírem "valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade".
Ao se comparar o discurso dos pesquisados com a definição de EA da Lei Federal nº. 9795/99 identificam-se algumas correlações. Não prejudicar o ambiente e melhorar o ambiente são atitudes de responsabilidade e respeito. Atitudes são construídas a partir de conceitos e valores. Percebe-se, também, nas respostas dos alunos, que a maioria pensa no papel da educação ambiental como difusora de conhecimentos sobre o meio ambiente, na intenção de mudar hábitos e comportamentos considerados predatórios e torná-los compatíveis com a preservação dos recursos naturais. De forma simples e parcial, a definição dos pesquisados foi ao encontro do conceito de EA proposto pela Lei Federal citada nessa discussão.
A resposta dos educandos mostra semelhança com um estudo realizado por Freitas (2009), em que, na visão da maioria dos alunos que ele pesquisou (38%), educação ambiental significa preservar a natureza, são as plantas, animais e rios;
Conforme aconteceu na pesquisa de Freitas (2009), alguns alunos pesquisados confundem a educação ambiental com a disciplina de ecologia, ao explicar queeducação ambiental é o estudo da "fauna e flora" e "estudo do meio ambiente". Para Sato (2000), um equívoco bastante comum é pensar na EA como ecologia. Sem desmerecer a importância e a necessidade atual do ensino dessa disciplina, Guimarães (2000) afirma que muitoslivros didáticos e outros meios ditos de EA fazem, na verdade, ensinar ecologia e descrever os problemas ambientais como, por exemplo, formas de poluição, os animais em extinção, e outros.
Reigota (1994) explica que, para os educadores ambientais, o meio ambiente é um lugar onde ocorrem inúmeras relações (naturais, sociais, biológicas, culturais, históricas) que estão em constante processo de criação e transformação, não sendo sinônimo de meio natural.  Assim, aEA não é sinônimo de ensino de ecologia.
Os alunos têm diferentes concepções sobre à educação ambiental, o que está de acordo com Garcia (2003). O autor relata que não existe uma única concepção de EA e ela atende a determinados interesses. Há uma diversidade de paradigmas teóricos, de estratégias, de praticantes e de cenários. Porém todos os grandes autores e pesquisadores da EA concordam que ela pode proporcionar um importante auxílio na solução da crise ambiental através da formação de cidadão críticos e conscientes de suas ações.
Com as diferentes concepções de ambiente existentes, não se pode dizer qual está certa ou qual está errada, pois Sauvé (2005a p. 319) diz que "cabe a cada autor definir seu "nicho" educacional da educação ambiental, em função do contexto particular de sua intervenção".
Portanto, o professor deve escolher seus objetivos e estratégias de modo oportuno e realista, sem esquecer, contudo, do conjunto de objetivos e estratégias possíveis. Sem classificar as diversas concepções dos alunos, o educador pode propor estudos, debates e práticas que os auxiliem a identificar a diferença entre ecologia e educação ambiental.
Ao serem questionados a respeito do que aprenderam nas aulas de EA, 60% dos professores abordados informaram que aprenderam sobre "problemas ambientais, o valor do ambiente e a necessidade de preservar a natureza"; 20%, que aprenderam "a respeitar a Terra" e 20%, que "aprenderam várias coisas".
Situação semelhante aconteceu com o estudo de educação ambiental realizado por Gregório (2013) com alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) das escolas do Noroeste do Paraná, onde os mesmos relataram que aprenderam durante as aulas de educação ambiental a "(...) preservar a natureza, (...) cuidar da natureza e o que não se deve fazer".
As respostas dos educandos pesquisados por Gregório (2013)indicaram que os mesmos estudaram as transformações e os problemas ambientais, no entanto suas percepções não são um tanto quanto limitadas. Assim, os professores devem ter o cuidado de não passar uma visão simplista e ingênua de ambiente.
Sauvé (2005a) destaca que é de extrema importância que a educação ambiental tenha relevância e passe a fazer parte do cotidiano do educando, quebrando paradigmas já existentes em relação ao meio ambiente. 
Ao serem questionados se acreditam que os conteúdos de Educação Ambiental trabalhados em sala de aula ajudam a melhorar sua relação com meio ambiente, todos os pesquisados relatam que "sim".
Vale ressaltar que os aspectos apontados pelos educandos como fruto das aulas de EA são conhecimentos que contribuem para melhorar a relação dos alunos com o meio ambiente. Contudo, os pesquisados não mencionaram o fator humano em nenhuma de suas respostas.
É fundamental que os professores promovam estudos reflexivos para levar os educandos a entender que os humanos integram o ambiente e que cada cidadão deve oferecer sua contribuição para ampliar a equidade ecológica no planeta.
Como salienta Carvalho (2008), é relevante trabalhar atitudes e comportamentos que exemplifiquem resultados positivos para a comunidade. Ao constituir-se como prática educativa, a educação ambiental posiciona a confluência do campo ambiental e as tradições educativas, as quais vão influir na formação das pessoas.

3.3 Professores que trabalham educação ambiental junto aos pesquisados
Ao serem indagados sobre os professores que trabalham educação ambiental, 75% dos pesquisados responderam que são os professores de Ciências e Biologia e 25% que são os professores de Ciências, Biologia e Geografia. As respostas dos alunos indicaram que os professores das demais áreas do conhecimento não promovem estudos e reflexões sobre as crises ambientais e a responsabilidade dos humanos frente à atual conjuntura mundial, que cobra uma postura ecológica mais responsável. 
A Política Nacional de Educação Ambiental nº 9.795/1999regulamenta que EA deve ser trabalhada por todos os docentes independente da disciplina que lecionam, tendo em vista que se trata de um componente urgente e essencial do processo educativo. 
Foi possível constatar que os profissionais que desenvolvem o trabalho de educador ambiental na escola (CEJA) em sua maioria são os professores que lecionam a disciplina de Ciências e Biologia. Essa ocorrência vai ao encontro dos resultados dos estudos realizados por Albertino (1996). O autor constatou nos referidos estudos que as questões ambientais a partir da 5ª série são tratadas e estudadas, principalmente, pelos professores da disciplina de Ciências. Os estudos de Braune (2005) também evidenciaram que as questões ambientais são tratadas principalmente pelos professores de Biologia e Ciências.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1998) e Barreta (2006) esclarecem que as áreas de Ciências Naturais, História e Geografia serão as principais parceiras no desenvolvimento dos conteúdos de meio ambiente, pela natureza de seus objetos de estudo. As demais áreas do currículo escolar também são de fundamental importância para oferecerem instrumentos básicos que conduzam o aluno em seu processo de construção do conhecimento sobre meio ambiente.
Considerando essa conjuntura, sensibilizar os demais professores para inserir a educação ambiental em suas aulas é algo que se faz necessário. No século XXI,em queé tão urgente que os seres humanos estabeleçam uma relação mais harmônica com o meio, todos os profissionais da educação precisam se sentir e atuar como educadores ambientais.
Dos pesquisados, 99% responderam que gostam das aulas de EA porque aprendem sobre meio ambiente, a ter mais consciência ambiental, contato com a natureza e a ter amor pela mesma. Somente 1% dos pesquisados afirmaram não gostar das aulas de EA.
Segundo a UNESCO (2005, p. 44), "Educação ambiental [...] enfatiza a relação dos homens com o ambiente natural, as formas de conservá-lo, manter contato com a natureza, preservá-lo e de administrar seus recursos adequadamente".
Assim, a educação ambiental nas escolas pode contribuir no preparo do indivíduo para exercer sua cidadania, possibilitando-lhe uma participação efetiva nos processos sociais, culturais, políticos e econômicos relativos à preservação e à conservação dos diversos recursos do planeta.
Brasil (1998) apregoa a necessidade de se fortalecer a educação ambiental como forma de transformação da consciência dos indivíduos, já que é uma forma de integrar as diversas áreas do conhecimento. Para isso, é importante que, mais do que informações e conceitos, a escola se disponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores e com mais ações práticas para que o aluno possa realizar ações voltadas à conservação ambiental.
No que se refere a sugestões para melhorar as aulas de educação ambiental na escola, 40% dos alunos indicaram mais aulas diferenciadas e práticas; 30% indicaram mais estudos sobre o tema e 30% não deram nenhuma sugestão. Sabe-se que, muitas vezes, os professores têm dificuldades para desenvolver atividades externas. Contudo, aulas práticas também podem ser realizadas no pátio da própria escola onde há vários aspectos ambientais que podem ser explorados.
Nos PCNs(Brasil, 1998), há indicações de que as questões ambientais podem ser trabalhadas por meio de atividades práticas, com orientação, e que essas atividades favorecem tanto as construções conceituais quanto o aprendizado da participação social. Além disso, constituem situações didáticas em que o desenvolvimento de atitudes pode ser trabalhado por meio da vivência concreta e da reflexão sobre ela.
As Diretrizes Curriculares Nacionais da EJA propõem que o trabalho dos educadores da EJA é buscar de modo contínuo e dinâmico o conhecimento. Ao se trabalhar com a Educação Ambiental, a ação docente junto aos educandos deve enfatizar e promover a interação entre os saberes docentes e discentes na busca de conteúdos significativos.
Por sua vez, Cavalheiro (2008) constatou, em um dos estudos que desenvolveu, que a preferência dos alunos para estudar educação ambiental, discutir e assimilar osproblemas ambientais é através de trabalhos práticos com jogos e brincadeiraseducacionais. Logo,é relevante que sejam propiciadas aos educandos também esses tipos de atividades.
Quando os educandos foram questionados a respeito da frequência com que têm aulas de educação ambiental, todos responderam que às vezes. A educação ambiental, de acordo com Brasil (1998), deve ser trabalhada de forma permanente. É um assunto que deve ser tratado de maneira integrada, englobando a prática pedagógica e a representação social dos sujeitos envolvidos, colocando as pessoas como participantes de um mesmo processo, na tentativa de solucionar os problemas ambientais.
A educação ambiental, como define o Artigo 2º, da Lei Nacional de Educação Ambiental nº 9795/99, precisa fazer parte da grade curricular de todos os níveis de ensino devendo ter caráter interdisciplinar. A aproximação do conteúdo programático das diferentes disciplinas à realidade vivenciada contempla a educação ambiental como tema transversal e exige estudo e pesquisa, dedicação e empenho, compromisso político e ético e crença na educação, conforme esclarece Freire (1996). Dessa forma, o processo educativo é indispensável para a superação das crises ambientais e edificação de sociedades mais sustentável.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Grande parte dos pesquisados são jovens que estão numa faixa etária entre 15 e 20 anos, que são oriundos das escolas de ensino regular. Quanto à renda familiar, a maioria afirmou que esta é de 1 a 3 salários mínimos.
No que se refere à concepção de EA, a ideia predominante é de que se trata de uma forma de não prejudicar o meio ambiente e de melhorá-lo.Alguns educandos confundem EA com ensino de ecologia, o que indica a necessidade de promover estudos que diferenciem ambos para o público em voga.
Os profissionais que trabalham educação ambiental na escola (CEJA) são somente os professores de Ciências, Biologia e Geografia, o que indicou a necessidade de sensibilizar os professores das demais disciplinas para inserir a educação ambiental em suas aulas.
A maioria dos educandos pesquisados respondeu que gosta das aulas de EA porque aprendem sobre meio ambiente, a ter mais consciência ambiental, contato com a natureza e a ter amor pela mesma. Para melhorar as aulas de educação ambiental na escola, 40% dos alunos indicaram mais aulas diferenciadas e práticas. Esta pesquisa pode servir para indicar: a importância de enfocar a EA como atividade humana que auxilia na construção de conhecimentos, valores e atitudes, que fortalecem a cultura de responsabilidade planetária; e que é fundamental os docentes terem formação que os possibilitem atuar nos processos formativos inerentes a EA, com eficácia.

THE DESIGNOFENVIRONMENTALCEJASTUDENTSOFTHE7th8thYEARPERIODOFNIGHTSCHOOLOFRIVAARIOSTOSTATEOFMUNICIPALHIGHFOREST-MT

ABSTRACT

The present studyaimed at evaluating theenvironmental designstudentsof the Educational Centerfor Youth and Adults(CEJA) of Alta Floresta, 7thand 8thyear ofnighttime.The studywas conductedfrom February to June2013.Theapproach to theproblemwas usedquantitatively, characterized by the use ofbothquantitationin the collection,asin theprocessing of informationby means ofstatistical techniquesand the method ofprocedurewas themonographwhich isconcernconduct athoroughand exhaustiveon a given subject(individuals, institutions, groups, communities), seeking its generalization. The realization of thisand thedata collectionwas conductedthrough questionnairescontainingseventeen (17) open questionsand six (6) closed. According tothe study resultsis includedenvironmental educationinthe school curriculum, students enjoytheclassesEA andschool professionalsworkinginenvironmental educationare theteachersofscience disciplines, biology and geography.Thestudentsresponded thatthelessonsEAlearnedthe importance of preserving, respect the earthandcaring for the environment. Neverthelessstudentsare stilllacking inknowledge onenvironmental education, because someconfusewithEAteachingEcology. It is understoodthat environmental education an changehabits, changethe situationon the planetearthand provide a betterquality of lifefor people. And thiswill only happenwith apractice ofenvironmental education, where each individualfeelresponsibleto dosomething tohalt theenvironmental degradation.

Keywords:Environmental Education, Conservation, Nature.

 

REFERÊNCIAS

ALBERTINO, R.S., 1996. Educação Ambiental: Consciência, ação e transformação. Centro de estudos sociais aplicados. Curso de especialização em Educação ambiental. UFF. 50p.

 

BARRETO, V.P., 2006. A Educação Ambiental como proposta reflexiva da realidade. Centros de estudos gerais aplicados. Monografia do Curso de Pedagogia. UFF,75p.

BRAGA, A. R., 2003. A influência do Projeto "A formação do professor e a Educação Ambiental" no conhecimento, valores, atitudes e crenças nos alunos no Ensino Fundamental. Dissertação de mestrado. Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 243p.

 

BRASIL. Constituição (1988). Lei Federal no. 6.938/81. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais Da Educação De Jovens e Adultos. Secretaria do Estado da Educação – Curitiba. 2006. Disponívelem:http://www.diaadia.pr.gov.br/ceja/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=54 Acesso em: 26 de abr. de 2013.

 

BRASIL. Lei nº 9.795, 27 de abril de 1999. Política Nacional de Educação Ambiental, Brasília, DF: Casa Civil. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9795.htm> Acesso em: 06 de mar. 2013.

BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de ABRIL de 1999, disponível em http://www.mma.gov.br/ Conteúdo=967, acesso em 19 de novembro de 2012;

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRAUNE, K., 2005. A Abordagem da Educação Ambiental em duas escolas de Angra dos Reis. Monografia de Licenciatura em Ciências Biológicas. UFF. 48p.

 

CARVALHO, I. Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. Disponível em http://www.revistapontocom.org.br, Ultimo acesso 03 junho, 2012.

 

CARVALHO, I. C. M. Educação Ambiental: A Formação do Sujeito Ecológico. http://www.revistapontocom.org.br. 03 junho, 2012. Disponível em: http://lassu.usp.br/sustentabilidade/pilares-da sustentabilidade.

CARVALHO,I,C,M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico.4.ed.São Paulo: Cortez, 2008, 255 p.

CAVALHEIRO, Jeferson Souza.Consciência ambiental entre professores e Alunos da escola estadual básica Dr. PauloDevanier Lauda.Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental -Especialização, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM- RS), 2008.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000. 16 v.

FAGGIONATO, S. Percepção ambiental. Disponível em: www.educar.sc.usp.br/textos Ultimo acesso em 10/04/2013.

 

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia:Saberes Necessários à Prática Educativa, Editora, EGA, 1996.

FREITAS, A. C. S.; SANTOS, J. E. O; BARRETO, L. V. Educação ambiental no ensino de jovens e adultos. Centro Científico Conhecer - ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Goiânia, vol.5, n.8, 2009.

GARCIA, J. E., 1003. Los problemas de La educación ambiental: esposible uma educación ambiental integradora? Investigación em La escuela, 46: 1-2.

 

GREGÓRIO, A.; LISOVSKI, L. A.: Educação ambiental: concepções e Práticas na educação de jovens e adultos De diferentes escolas do noroeste do Paraná, 2012.Disponível:  http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/viiienpec/resumos/R1194-1.pdf.

GUIMARÃES, M., 1995. A dimensão ambiental na educação ambiental. Coleção: Magistério formação e trabalho pedagógico. Campinas, São Paulo, Editora Papirus.

 

MEDINA, N. M. Amazônia: uma proposta interdisciplinar de educação ambiental. Brasília. 1994.

MIGUEL Padre Anchieta3: 63-70, 2001NETO, S. Responsabilidade civil por dano ecológico. Revista da Faculdade de Direito.

SATO, M. Educação para o ambiente amazônico. São Carlos. 1997. Tese doutorado: Educação para o ambiente amazônico. Programa de Pós Graduação da Universidade Federal de São Carlos. 1997.

SATO, M. Formação em educação ambiental - da escola à comunidade. In: COEA/MEC (org.) Panorama da Educação Ambiental no Brasil. Brasília: MEC, 2000.

 

REIGOTA, M. O que é Educação Ambiental. Editora brasiliense, São Paulo, 1994. 63p.

SAUVÈ, L. Educação ambiental: possibilidades e limitações. Educação pesquisa, São Paulo, v. 31 n. 2. 2005.

SAUVÉ, L. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. Educação e Pesquisa,São Paulo, v. 31, n. 2, p.317-322, ago. 2005a. Disponível em: <http://www.ufmt.br/gpea/pub_artig.htm>. Acesso em: 14 abr. 2013.

 

SEGURA, D. S. B. Educação Ambiental na Escola Publica: da curiosidade ingênua a consciência critica. São Paulo. Annablume: Fapesp, 2001.

TAMAIO, I. O Professor na Construção do Conceito de Natureza: uma experiência de educação ambiental. 1. ed. São Paulo: Annablume, 2002.

UNESCO. Década das Nações Unidas da Educação para um Desenvolvimento Sustentável, 2005- 2014: documento final do esquema internacional de implementação. –Brasília: UNESCO, 2005. 120p.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Docente da Faculdade de Alta Floresta (FAF).

Egresso do Curso de Pedagogia da Faculdade de Alta Floresta (FAF).

Docente da Faculdade de Alta Floresta (FAF)

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


©️ REFAF 2020 - Revista Eletrônica Multidisciplinar da Faculdade de Alta Floresta - ISSN: 2238-5479